A transformação digital trouxe produtividade em escala, mas também um novo tipo de impacto ambiental. A cada avanço tecnológico, cresce o consumo energético de data centers, o descarte de equipamentos e o volume de dados armazenados sem propósito.
Nesse contexto, o conceito de sustentabilidade digital ganha força como uma estratégia essencial para equilibrar inovação e responsabilidade.
Essa é justamente uma das cinco tendências tecnológicas apontadas pelo estudo Technology Foresight 2025, da NTT DATA, publicado pelo Valor Econômico. A pesquisa global indica que a sustentabilidade digital voltada à resiliência econômica será um dos principais diferenciais competitivos nos próximos anos.
O estudo também projeta que o mercado de softwares de gestão de energia deve crescer de US$48,68 bilhões em 2024 para US$241,56 bilhões até 2037, impulsionado por tecnologias como sensores de IoT, inteligência artificial e blockchain para monitoramento ambiental e eficiência operacional.
Ao longo deste artigo, você vai entender o que é sustentabilidade digital, por que ela se tornou uma prioridade empresarial e como aplicá-la de forma prática e mensurável nas operações corporativas.
Boa leitura!
O que significa sustentabilidade digital e como impacta as empresas?
Sustentabilidade digital é o uso estratégico da tecnologia para reduzir o impacto ambiental e otimizar recursos digitais, mantendo a performance e a competitividade.
O conceito vai muito além de “gastar menos energia”: trata-se de repensar toda a arquitetura tecnológica da empresa, desde servidores e data centers até o ciclo de vida de dados e dispositivos.
Na prática, envolve decisões como:
- Adotar provedores de nuvem com compromissos de energia renovável;
- Reduzir o tempo de retenção de dados e eliminar duplicidades;
- Planejar a destinação de hardware e periféricos de forma responsável;
- Automatizar processos para reduzir deslocamentos e consumo de papel.
Na visão da ABL, sustentabilidade digital é o ponto de encontro entre propósito e tecnologia. É o que garante que a inovação avance com eficiência, sem comprometer o meio ambiente. E, ao mesmo tempo, torne os negócios mais ágeis, integrados e competitivos.
Por que a sustentabilidade digital é importante?
Os números mostram que a pauta é urgente. O relatório Greening Digital Companies 2025, publicado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) em parceria com a World Benchmarking Alliance (WBA), analisou dados de 200 empresas digitais e revelou um crescimento contínuo no consumo energético e nas emissões de carbono.
Mesmo com metas de neutralidade climática, boa parte das corporações ainda depende fortemente de fontes não renováveis para sustentar suas operações digitais.
Esses dados reforçam que a transformação digital sustentável é uma necessidade estratégica. Empresas que implementam políticas de sustentabilidade digital ganham vantagem competitiva em três frentes:
- Ambiental: reduzem consumo energético e emissões;
- Econômica: cortam custos operacionais com infraestrutura otimizada;
- Reputacional: fortalecem a imagem da marca perante clientes, investidores e talentos.
A sustentabilidade digital também se conecta diretamente aos pilares ESG: Environmental, Social and Governance. No “E”, pela eficiência energética; no “S”, pela promoção de acesso e inclusão digital; e no “G”, pela governança de dados e uso ético da tecnologia.
Como aplicar sustentabilidade digital nas operações?
Otimização de infraestrutura tecnológica
O primeiro passo é revisar a infraestrutura de TI sob a lente da eficiência. Cloud computing sustentável é um caminho acessível e escalável, provedores com compromissos ambientais já operam data centers movidos a energia renovável e com refrigeração inteligente.
Além disso, práticas simples fazem diferença:
- Desligamento automático de servidores fora do horário comercial;
- Virtualização de sistemas redundantes;
- Monitoramento em tempo real do consumo elétrico e de uso de rede.
Essas ações reduzem o desperdício e garantem que o crescimento digital ocorra com base em eficiência energética e não apenas em expansão de capacidade.
Gestão inteligente de dados
Na era da informação, os dados também geram pegada ambiental. Servidores que armazenam volumes massivos consomem energia constantemente.
Por isso, a higiene de dados é um dos pilares da sustentabilidade digital.
Empresas sustentáveis mantêm apenas o que é útil e eliminam duplicidades, estabelecendo políticas claras de retenção e descarte.
Dados que não geram valor devem ser arquivados ou excluídos, liberando espaço e reduzindo custos. Além disso, o uso de compressão, deduplicação e camadas de armazenamento “frias” (menos acessadas) pode cortar até metade do consumo energético de um ambiente de dados.
A governança digital eficiente transforma o ciclo de dados em um ativo leve, confiável e sustentável.
Digitalização consciente
Digitalizar é um passo inevitável, mas precisa ser feito com critério. A digitalização consciente busca automatizar fluxos de trabalho e reduzir impressões, transporte e retrabalho, sem criar dependência excessiva de sistemas pesados ou redundantes.
Soluções como assinaturas eletrônicas, automação de processos e integração entre sistemas permitem uma operação mais ágil e menos poluente.
Na ABL, a digitalização é conduzida com uma visão de sustentabilidade de longo prazo: combinando inovação, governança e métricas de desempenho.
O foco é digitalizar sem desperdício, respeitando o equilíbrio entre tecnologia e meio ambiente.
O papel da liderança e da cultura digital
A tecnologia é o motor, mas são as pessoas que definem a direção. A Pesquisa Panorama da Sustentabilidade Corporativa 2025, da Amcham em parceria com a Humanizadas, mostra que o tema já chegou ao topo das organizações:
- 401 executivos participaram da pesquisa;
- 42% ocupam cargos de alta liderança;
- 75% representam empresas de médio e grande porte;
- Com faturamento agregado de R$2,9 trilhões anuais.
O estudo reforça que a sustentabilidade só se consolida quando a liderança se incorpora à cultura. No contexto da sustentabilidade digital, isso significa definir metas claras, indicadores mensuráveis e treinamentos regulares para todas as equipes.
A governança digital é o alicerce desse movimento. Envolve criar comitês multidisciplinares, integrar áreas técnicas e estratégicas e garantir que decisões sobre tecnologia levem em conta o impacto ambiental.
Mais do que ferramentas, é preciso educar digitalmente colaboradores e gestores para o uso consciente dos recursos tecnológicos. Pequenas atitudes, como revisar o uso de servidores, repensar o envio de arquivos pesados e adotar práticas de eficiência, formam a base de uma cultura sustentável.
Sustentabilidade digital é uma jornada
Nenhuma empresa se torna sustentável da noite para o dia. Sustentabilidade digital é uma jornada contínua, construída com pequenas vitórias diárias e revisões periódicas.
O segredo está em começar com diagnósticos realistas, priorizar iniciativas de alto impacto e envolver toda a organização na mudança.
Algumas práticas eficazes incluem:
- Estabelecer metas trimestrais de redução de consumo e armazenamento;
- Mapear fornecedores comprometidos com energia renovável;
- Revisar periodicamente a infraestrutura e eliminar redundâncias;
- Integrar métricas de sustentabilidade digital aos relatórios ESG.
A médio prazo, os ganhos vão além do meio ambiente. As empresas se tornam mais eficientes, inovadoras e preparadas para competir em um mercado cada vez mais orientado por propósito.
Conclusão
A sustentabilidade digital representa o equilíbrio entre avanço tecnológico e responsabilidade corporativa. Empresas que integram esse conceito à sua rotina saem na frente: com mais eficiência, menor impacto ambiental e maior credibilidade no mercado.
A ABL acredita que o futuro dos negócios é digital e sustentável. Continuar crescendo depende de adotar tecnologia com consciência, propósito e estratégia. Explore mais conteúdos do nosso blog e descubra como transformar inovação em impacto positivo para a sua empresa e para o planeta.
